Ajuda humanitária

Profissionais da saúde de Pelotas e Rio Grande prestam assistência a Yanomamis

Voluntárias se deslocaram mais de cinco mil quilômetros para atuar no atendimento de crianças e acolhimento de todos os pacientes

Foto: Carlos Queiroz - DP - A gestora hospitalar Andrea Ferreira e a médica Júlia Fabião, do Hospital Escola, contaram sobre as suas experiências


Após 19 dias participando de uma ação voluntária de assistência em saúde ao povo Yanomami de Roraima, três profissionais que atuam em hospitais de Pelotas e Rio Grande retornaram às suas rotinas recentemente. A iniciativa humanitária foi estruturada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) visando a prestação de apoio humanitário por meio do atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS). No total, 19 pessoas de diversas regiões do País se deslocaram até o município de Boa Vista para auxiliar no acolhimento aos indígenas.

Iniciada no dia 10 de abril, a força-tarefa contou com um grupo de voluntários composto por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos administrativos para a prestação de assistência abrangendo desde o suporte aos pacientes até a organização das informações hospitalares, como na regulação interna e gestão de leitos. Na equipe, estavam a médica Júlia Fabião e a gestora hospitalar Andrea Ferreira, ambas profissionais do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel), assim como a fisioterapeuta Manuela Corrêa, do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. (HU/Furg).

Com a parceria entre a Ebserh, o Ministério da Saúde e a Prefeitura de Boa Vista, os voluntários atuaram no Hospital da Criança Santo Antônio. "É referência no tratamento de crianças e atende não só a população indígena, mas os venezuelanos que entram pela fronteira e que têm necessidades de saúde", explica Manuela. A profissional conta que, durante os atendimentos, encontrou crianças com casos graves de saúde, em grande parte por quadros de malária e desnutrição. "Por conta dessa crise social e política que o Estado vive", comenta.

Ainda conforme a fisioterapeuta, apesar do quadro lamentável que motivou a ação voluntária, ela retornou à rotina em Rio Grande com inúmeros aprendizados adquiridos com colegas do grupo, assim como com os trabalhadores do hospital e os próprios yanomamis. "Nós vamos com a intenção de doar nosso trabalho, mas a gente acaba voltando também com muitas trocas. Ter a oportunidade de conhecê-los [indígenas], a riqueza cultural que eles têm, linguística."

Segurança e organização

Mesmo sendo o hospital de referência em Roraima no atendimento pediátrico, com o intenso número de transferências de casos de saúde graves de crianças indígenas, a demanda brusca impactou o sistema de serviço da instituição. Neste sentido, a médica Júlia Fabião atuou no Núcleo de Segurança do Paciente, auxiliando na organização para viabilizar o acolhimento de todos os pacientes. "Transformaram o trauma em UTI, além de termos que encomendar mais leitos", conta.

A médica explica ainda que, devido ao método de estruturação dos serviços administrativos da Ebserh, o grupo conseguiu treinar cerca de 700 profissionais do Santo Antônio. "Em vários aspectos assistenciais que tinha uma oportunidade de melhoria", conclui.

Reestruturação

Mesmo não sendo um fato de ampla divulgação, a gestão hospitalar é afetada diretamente em situações de pico de demanda em uma instituição de saúde, principalmente, na rede de atendimento do SUS. O que ocorreu no Santo Antônio. Encaminhada para atuar no setor de faturamento, a gestora Andrea Ferreira explica que, a partir da estruturação dos recursos do hospital, havia uma demanda intensa pela prestação desse serviço. "Tinha bastante cobrança do pessoal pelo faturamento, apesar de não ser um serviço visto", aponta. É no faturamento que ocorre a confecção das contas hospitalares dos pacientes para o recebimento de recursos.

Crise humanitária

A interferência do garimpo em terras Yanomamis, causando destruição ambiental e propagação de doenças infecciosas, culminou em uma crise humanitária na região em que estão localizadas as comunidades indígenas. A emergência de saúde chegou ao conhecimento público no início do ano, quando equipes do governo federal foram encaminhadas aos locais isolados. Imagens de crianças desnutridas e de cenários da desassistência sanitária chocaram ao serem divulgadas. A partir dessa situação, centenas de pessoas foram encaminhadas a hospitais em estado grave de saúde.

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